Marina da Glória, sobre a constituição do lugar e sua transformação em gueto

Inaugurada em 1979, a Marina da Glória tem sofrido constantes alterações que a descaracterizaram. Localizada na cidade do Rio de Janeiro no Parque do Flamengo, tombado pelo DPHAN em 1965, o projeto do arquiteto Amaro Machado respeitou todas as premissas do tombamento, sendo aprovado pelo
IPHAN em 1976. Este trabalho resgata o histórico das diversas versões do projeto de Amaro Machado com a colaboração do paisagista Roberto Burle Marx, a partir de fontes documentais originais e inéditas. Demonstra em que medida, as premissas conceituais do projeto estão em consonância com a proposta que fundamenta o Parque, na criação de um lugar no sentido heideggeriano. São examinadas as sucessivas descaracterizações da obra, através do registro físico delas, e das disputas legais ocorridas pelo ensejo da
exploração comercial. Entre os objetivos, traz-se à luz, o debate sobre a preservação do patrimônio recente em confronto com os imperativos do mercado, e o futuro do Parque do Flamengo.

A HISTORICAL APPROACH TO AVENIDA PRESIDENTE VARGAS PROJECT IN RIO DE JANEIRO: CHALLENGES AND CONTROVERSIES TOWARDS A RESPONSIVE FUTURE

Six decades after President Vargas Avenue drastic urban surgery (1940-1944) for opening this main urban artery in the central area of Rio de Janeiro city, it still seems an unfinished project sprinkled with notable examples of pre modern, modern and ordinary architecture and multiple urban voids. Diversity, emptiness, discontinuity and permanence summarize, nowadays, this monumental project, conceived during the nationalist context of the Dictatorial regime (1937-1945) imposed by President Getúlio Vargas. Recent attempts — projects, new buildings, urban legislation review — to manage this unfinished project have been in vain. This paper aims to discuss the current conjuncture, through the understanding of this historical process. What controversies and challenges do these attempts point out towards a responsive future for President Vargas Avenue?

Re+presentações. Coleções em museus de arquitetura

Quais são os objetos que formam uma coleção de arquitetura? No âmbito
do museu de arquitetura, quais são os objetos e os objetivos de uma coleção de arquitetura? Para que servem e a quem se destinam? Estas questões impõem-se, independentes do tempo histórico, quando se reflete sobre a idéia do museu de arquitetura. Outros tipos de museus, como por exemplo, os de arte do passado, têm suas origens a partir da pré-existência dos objetos colecionados, e têm seus objetivos fundamentados nas práticas específicas da instituição museal: a coleta, a conservação e a exposição.

No caso do museu de arquitetura, o acervo, ou seja, os edifícios encontram-se a céu aberto, nas cidades, comprometendo ainda mais o entendimento do acervo formado por objetos distintos e manipuláveis. O acervo dos “objetos” arquitetônicos é a própria cidade, com suas práticas sociais, históricas e culturais. Do que então se constitui o acervo do museu de arquitetura? De fragmentos verdadeiros dos edifícios, de reproduções dos fragmentos dos edifícios quando estes fragmentos não estão disponíveis, de representações dos edifícios e seus contextos em maquetes de escala reduzidas, de imagens? Na medida em que o acervo deve ser produzido, abrem-se possibilidades para a imaginação, e sobretudo, para o debate do valor dos meios de apresentação, seja para a própria prática da arquitetura, seja para a definição dos critérios de eleição do patrimônio eleito. A idéia do museu de arquitetura ultrapassa o simples valor da instituição museal como “lugar de memória”, inscrevendo-se em um âmbito conceitual decorrente do questionamento das noções de museu, de arquitetura e de cidade.

Este trabalho analisa a idéia e os objetivos do museu de arquitetura, a partir
da formação de suas coleções, comparando diferentes propostas: o MoMA NY, o Museu de Arquitetura de Frankfurt , o MNAM no Centro Georges Pompidou e a Cité de l’architecture et du patrimoine, estes dois últimos em Paris.
Palavras chave: museus; arquitetura; coleções

Pintura e Arquitetura na Arte Moderna norte-americana: os pintores expressionistas abstratos e Frank Lloyd Wright

Desde a Antiguidade clássica, a vinculação entre as diferentes artes não se constituiu um problema do fazer artístico. No século das Luzes, com o advento da Revolução Industrial e os novos procedimentos de formalização da matéria, a crise da arte se instaura desvelando questões que foram recolocadas até às vanguardas artísticas européias, como a síntese das artes. A idéia da síntese ou obra de arte total foi central na poética do Romantismo alemão. A síntese das artes é um tema que se configura na teoria da arte moderna, desde a sua formação iluminista até às vanguardas do início do século passado. O tema da síntese apareceu em diferentes poéticas modernas, com origens e entendimentos diferenciados.

O trabalho apresentado examina o problema da síntese das artes, entendida como dialética da separação das esferas artísticas a partir de suas especificidades, mas não como antitética. A noção de separação das linguagens artísticas analisada foi a formulada pelo crítico norte-americano Clement Greenberg, uma visão diferenciada da teoria européia, em um momento que se constituiu nos extertores da arte moderna em meados do Século XX, também chamado de último modernismo.

O recorte baseia-se na polêmica travada nos Estados Unidos na década de 1950, especificamente na cidade de Nova York, entre pintores norte-americanos, especialmente aqueles vinculados ao Expressionismo Abstrato, junto com os agentes do campo das Fine Arts versus o arquiteto Frank LLoyd Wright, autor do criticado projeto do Museu Solomon R. Guggenheim. O trabalho examina a noção de síntese das artes proposta pelo arquiteto, bem com as formulações greenbergianas sobre a pintura planar moderna, pontuando tanto as divergências entre as concepções arquitetônica e pictórica, quanto as similaridades existentes no âmbito da Arte Moderna norte-americana.
Palavras-chave: Síntese das Artes; Expressionismo Abstrato; Frank LLoyd Wright

Narrativas Urbanas: Centros Antigos e Sociedade Civil. Os Casos de Portimão e Loulé, Algarve, Portugal

RESUMO
Trata o presente trabalho da narrativa territorial e temporal comparativa de duas cidades – Portimão e Loulé – na sua relação com a região onde estão inseridas, a do Algarve. A função e a topografia que presidiram aos assentamentos humanos no Algarve – região sul de Portugal – determinaram uma ocupação do território em duas linhas paralelas, uma junto ao mar – cidades ribeirinhas – e outra mais interior – cidades colinas – tendo sofrido mudanças temporais distintas, apresentando atualmente especificidades próprias. Nesse contexto, os centros urbanos antigos, repositórios de identidades e memórias coletivas, são o laboratório urbano ideal para a análise dessas distinções e das mutações culturais e humanas que a materialização das diferentes políticas urbanas determinou. Nesta narrativa urbana do tempo longo, tentaremos perceber em que medida as populações se foram moldando; as cidades foram ganhando ou perdendo vitalidade; e as populações se foram identificando ou não como sítio. Para corroborar ou refutar as conclusões retiradas da análise histórico-cultural, no que concerne ao sentimento de pertença das populações, recorre-se a inquéritos por questionário, realizados nas duas cidades,selecionando qualitativamente alguns atores-chave dessas sociedades. Os resultados desta sub-investigação demonstram que quanto mais aceleradas são as mudanças e quanto menor for o envolvimento das populações nas
políticas urbanas, mais “anônimos” se tornam os centros antigos e menos identificação existe com as populações locais.
 PALAVRAS-CHAVE: Narrativas urbanas, centros antigos, sociedade civil
 

A Gráfica Digital na FAU/UFRJ: Experiências e Possibilidades no Ensino da Arquitetura

Este artigo faz uma avaliação da experiência relacionada com a implantação da disciplina Gráfica Digital na nova grade curricular da FAU/UFRJ, em vigência desde o ano de 2006, e suas implicações preliminares no ensino atual da arquitetura. Apresentando uma estrutura interdisciplinar até então inédita na escola, a criação da disciplina neste contexto responde às atuais demandas de inserção da representação gráfica digital no processo criativo, possibilitando com isso abordagens didáticas que exploram adequadamente as potencialidades das ferramentas digitais em sua interface com o pensamento arquitetônico.

Em coautoria com Ethel Pinheiro

Simuladores Urbanos Digitais: Representação e Interação com a História das Cidades

Abstract
This work aims to expose the methodological process of the construction of a digital urban simulator called “SIMRio”, that is being
developed at the Laboratory of Digital Representation and Urban Analysis. Constructed with the technology of videogames, through
the use of its engines applied to digital 3d models of central area of Rio de Janeiro, the research has the objective to develop interactive
systems where one could virtually visit, in real time, not only the spaces of the city, but also different times of its history, walking
between them as if were in a digital time machine.

Keywords: Rio de Janeiro, História, Videogames, Modelos Digitais

O Panorama Digital: Costuras Urbanas nas Centralidades do Rio de Janeiro

Abstract

This article intends to investigate the meaning of Digital Panoramas as a tool to develop an alternative reading of the urban centralities in the city of Rio de Janeiro. We assume that Digital Panorama can bring significant contributions to urban research, in three different historical layers: at the beginning of 20th century; during the 20-40’s decades, and in the current days. The strength of panoramas in urban study is particularly enhanced by interactivity. This paper aims to demonstrate new possibilities in the association of panorama’s space recognition characteristic for historical study in urban centralities. Continue lendo “O Panorama Digital: Costuras Urbanas nas Centralidades do Rio de Janeiro”

A Interface Viva Centro- Niterói/RJ: Interdisciplinaridade e Análise Urbana

Este artigo apresenta o processo colaborativo de desenvolvimento da interface gráfica que divulga
as intervenções urbanas propostas pela cidade de Niterói/RJ, para a requalificação de sua área
central. Transitando por diferentes escalas na representação gráfica da cidade, o sistema sintetiza e
espacializa, em uma única interface, as diferentes intervenções, cuja diversidade impede de serem
compreendidas como parte de um único sistema de projetos urbanos. Continue lendo “A Interface Viva Centro- Niterói/RJ: Interdisciplinaridade e Análise Urbana”

A Internet como Ferramenta Auxiliar do Projeto de Arquitetura

Resumo

Pesquisa de um sistema web para apresentação de projetos de arquitetura via hiperdocumento, de baixo custo e de baixa manutenção, feito a partir do projeto de uma escola de 5a a 8a série. São descritas as experiências com interação do projeto, e apresetnados alguns de seus resultados. Contém ainda observações a respeito das técnicas de representação digital disponíveis para apresentação de hiperdocumentos semelhantes, discutindo a eficácia da representação tradicional à mão e de CAD para fins específicos. A maior parte do website está disponível na publicação digital (CD-Rom).

Abstract

This paper briefly describes low cost and low mantenance web-based hyperdocument system, focused using an elementary school architecture project. It describes the experience of interaction with the project and its results. It also contains some observations on already available digital representation techniques for presenting such hyperdocuments, discussing their efficacy for given purposes. A great part of the website is available on the digital publication (CD-Rom).